A conquista é concedida anualmente pela revista Annals of Improbable Research, como uma paródia do Prêmio Nobel
O macarrão cacio e pepe é um dos preparos mais práticos e deliciosos da cozinha italiana.
Com poucos ingredientes, o prato tornou-se um clássico pela combinação precisa de queijo e pimenta-do-reino.
Não seria surpresa, então, se um grupo de pesquisadores decidisse investigar a receita perfeita da massa. Acredite ou não, foi o que cientistas do Instituto Max Planck de Física de Sistemas Complexos, da Universidade de Barcelona e do Instituto de Ciência e Tecnologia da Áustria fizeram.
Apesar de parecer banal, a pesquisa chegou ao resultado esperado, e ainda rendeu-lhes um prêmio. Neste mês, a revista científica Annals of Improbable Research reconheceu o feito: o cacio e pepe dos pesquisadores foi o molho de macarrão que ganhou um prêmio IgNobel.
Eles foram premiados por suas “descobertas sobre a física do molho para massas, especialmente a transição de fase que pode levar à formação de grumos, o que pode ser uma causa de desconforto”. O objetivo do estudo era entender como criar a textura e a cremosidade ideais para o molho.
Os cientistas observaram que o “segredinho” está no comportamento de fase do cacio e pepe.
A estratégia é esperar um tempo antes de misturar a água do cozimento ao queijo, para que ela esfrie. Isso porque, em altas temperaturas, as proteínas podem se desnaturar ou se agrupar, formando grumos e estragando o resultado. Se a água estiver quente demais, o molho talha.
O pesquisador Matteo Ciarchi contou à Physics Magazine que “não desperdiçou uma única gota de molho” durante os testes. “Fazíamos a famosa scarpetta italiana, que é pegar um pedaço de pão e limpar o prato — ou a placa de Petri, no caso dos nossos experimentos”.
Já Ivan Di Terlizzi, outro integrante do projeto, acrescentou: “Se alguém quiser preparar o cacio e pepe da maneira tradicional (apenas com queijo, pimenta e água do cozimento do macarrão), recomendamos deixar a água esfriar antes de misturá-la ao queijo”.
“Isso porque a agregação ocorre em altas temperaturas. Se usar água mais fria, o amido terá mais tempo para se ligar às proteínas do queijo”, finaliza.
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ToggleO molho de macarrão que ganhou um prêmio IgNobel e qualquer um pode fazer
Ingredientes
- 4g de amido de batata ou milho em pó;
- 40ml de água (para misturar com o amido);
- 160g de pecorino romano;
- 240g de massa (idealmente tonnarelli);
- Água para cozinhar a massa;
- Água da massa;
- Pimenta-do-reino e sal (temperar a gosto).
Modo de preparo
- Cozinhe a massa em água fervente com sal até ficar al dente. Reserve um pouco da água do cozimento;
- Dissolva o amido de batata ou milho na água até formar um gel líquido e homogêneo;
- No liquidificador, bata o gel com o pecorino romano até obter um creme liso;
- Em uma panela, coloque o macarrão cozido e adicione o creme de queijo e amido, incorporando bem;
- Acrescente um pouco da água do cozimento, se necessário, para ajustar a consistência do molho;
- Finalize com pimenta-do-reino moída na hora e ajuste o sal a gosto. Sirva imediatamente.
O IgNobel
O Prêmio IgNobel foi criado em 1991 pelo matemático e pesquisador americano Marc Abrahams e é concedido anualmente. A premiação, que acontece em cerimônias realizadas em Harvard, reconhece pesquisas, experimentos e outras atividades inusitadas nas ciências.
O lema do IgNobel é “conquistas que primeiro fazem as pessoas rirem e depois as fazem pensar”.
O nome do prêmio é um trocadilho com o Prêmio Nobel: “Ig Nobel” soa como “ignóbil”, termo que significa algo que não é nobre, sugerindo que a honraria celebra trabalhos curiosos e engraçados, mesmo que não sejam tradicionais ou convencionais.
A premiação funciona como uma paródia do Nobel, destacando a criatividade e o senso de humor no mundo científico.
*Com informações das revistas Food & Wine e Pesquisa FAPESP.
Fonte Original | Receitas – ND Mais