Santa Catarina realizou 642 transplantes de órgãos e tecidos no primeiro semestre de 2025, sendo três de coração, 75 de fígado, 3 de pâncreas, 7 de pâncreas e rim, 181 de rim, 318 de córnea, além de 55 de medula óssea. O resultado acompanha o avanço nacional, que atingiu a marca recorde de 14,9 mil transplantes no período, um crescimento de 21% em relação a 2022. Apesar do bom desempenho, o Ministério da Saúde alerta que o número poderia ser ainda maior, já que 45% das famílias brasileiras ainda recusam a doação. Para enfrentar esse desafio, a pasta acaba de lançar um programa inédito para qualificar o diálogo com familiares e fortalecer o acompanhamento das doações nos hospitais.
O Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Prodot) busca reconhecer e valorizar as equipes que atuam dentro dos hospitais, responsáveis pela identificação de potenciais doadores, logística do processo e a conversa com os familiares. Um momento delicado, de dor, dúvidas e, muitas vezes, falta de informação, mas decisivo para salvar outras vidas. Pela primeira vez, esses profissionais terão incentivos financeiros conforme o volume do atendimento e indicadores de desempenho, incluindo o aumento das doações.
A iniciativa integra um conjunto de medidas que somam investimento de R$ 20 milhões por ano para fortalecer o Sistema Nacional de Transplantes. A maior parte, R$ 13 milhões para a inclusão de novos procedimentos, como transplantes de membrana amniótica, para casos graves de queimadura, e o transplante multivisceral, para falência intestinal. Os outros R$ 7,4 milhões são para o Prodot, cujo objetivo é aumentar o percentual de doação das famílias no país.
“A principal mensagem que queremos passar às famílias é a segurança e a seriedade do Sistema Nacional de Transplantes, reconhecido mundialmente. Quando um profissional de saúde aborda uma família, ele carrega esse reconhecimento e atua dentro de um sistema sólido e seguro. Ao mesmo tempo, reforçamos a importância de o doador manifestar à família o desejo de doar. Esse gesto, mesmo em um momento de dor, pode salvar a vida de três ou quatro pessoas e manter viva a memória do ente querido. Por isso, estamos investindo também na formação e orientação dos profissionais, para que saibam acolher e apoiar as famílias nesse processo tão delicado.”, ressaltou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Atualmente, mais de 80 mil pessoas aguardam por um transplante no Brasil, sendo 1,6 mil em Santa Catarina, o que reforça a importância de valorizar quem atua diretamente na sensibilização das famílias. A campanha de incentivo a doação de órgãos deste ano do Ministério da Saúde, que já está no ar, reforça a importância de todos informarem a sua família sobre a decisão de doar órgãos.
São as famílias que decidem pela doação ainda no hospital. Com o mote, “Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador”, apresenta um caso real de uma mãe que disse sim à doação de órgãos do seu filho. E a história de profissionais da saúde que atuam desde o acolhimento das famílias até o transplante do órgão.
Inclusão de novos transplantes no SUS
O evento de lançamento da campanha de doação de órgãos de 2025 do Ministério da Saúde, realizado no Hospital do Rim em São Paulo, na quinta-feira (25/9), marcou a assinatura da portaria que cria a Política Nacional de Doação e Transplantes (PNDT). É a primeira vez que a política foi descrita em portaria específica, desde a criação do sistema em 1997.
“A nova política e o regulamento técnico representam um avanço importante para o Sistema Nacional de Transplantes. Eles ampliam a possibilidade de transplantes em regiões que hoje realizam menos procedimentos e fortalece a equidade no acesso. Essa iniciativa se soma a outras ações do Ministério da Saúde, o Agora Tem Especialistas, que leva investimentos a hospitais com estrutura adequada e apoio por meio da telessaúde, criando condições para que mais transplantes sejam realizados em todo o país.”, afirmou Padilha.
Um dos avanços mais significativos é a regulamentação dos transplantes de intestino delgado e multivisceral, agora incluídos no SUS. A medida garante que pacientes com falência intestinal tenham 100% do tratamento ofertado na rede pública de saúde, desde a reabilitação intestinal até os procedimentos pré e pós-transplante.
Inicialmente, 5 centros em São Paulo e no Rio de Janeiro estão autorizados a realizar o procedimento, com expectativa de ampliar o número de unidades habilitadas nos próximos anos. O novo Regulamento Técnico do SNT também prevê o reajuste da diária de reabilitação intestinal, que passou de R$ 120 para R$ 600, um aumento de 400%.
Outra inovação é a incorporação do uso rotineiro da membrana amniótica, tecido obtido da placenta após o parto, para pacientes queimados, em especial crianças. O procedimento favorece a cicatrização, reduz o risco de infecções e diminui a dor, beneficiando mais de 3,3 mil pessoas por ano.
Modernização e novas tecnologias
A política também estabelece a realização da prova cruzada virtual, exame feito remotamente para avaliar a compatibilidade imunológica entre doador e receptor. Esse recurso reduz riscos de rejeição, traz mais segurança e garante maior agilidade em situações de urgência, permitindo que o transplante aconteça o mais rápido possível.
A criação de critérios específicos de priorização para pacientes hipersensibilizados, grupo que, após transfusões sanguíneas ou gestações, desenvolve anticorpos que dificultam a compatibilidade é mais um avanço. A medida reduz o tempo de espera e amplia as chances de sucesso nos transplantes renais, impactando diretamente a qualidade de vida dessas pessoas.
No campo dos transplantes de medula óssea, o teste de quimerismo, exame de DNA utilizado para monitorar a rejeição e orientar condutas médicas, passa a ser ofertado de forma regular.
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Fonte Original | Notícias – Santa Catarina