Berbigão do Boca leva multidão para as ruas de Florianópolis e abre folia na capital

Facebook
Twitter
LinkedIn
Threads
WhatsApp
Berbigão do Boca leva multidão para as ruas de Florianópolis e abre folia na capital

“É festa prá rachar, é uma coisa louca, vamos botar pra quebrar, no Berbigão do Boca”. Embalada pelo marcante hino-enredo, uma multidão de pessoas seguiu os tradicionais bonecos do Berbigão do Boca pelas ruas do Centro de Florianópolis na noite desta sexta-feira (21) e deu início ao carnaval 2025 da capital catarinense.

A programação começou às 14h com o concurso gastronômico, que elege os melhores pratos à base de berbigão. Depois, foi feito o cerimonial com a entrega das chaves da cidade ao Rei Momo, oficializando o início do Carnaval de Florianópolis.

Na sequência, a banda Quinteto S.A. embalou o público com músicas de diversos estilos, que foram dos tradicionais ritmos de Carnaval até o sertanejo. A apresentação encerrou no final da tarde, momento em que iniciaram as preparações para o cortejo.

Entre o público composto por gente de todas as idades, estavam novatos na festa, como o enfermeiro Adeilson Reis, natural de Palmas, no Tocantins. Ele conta que essa é a segunda vez em Florianópolis, mas a primeira no Berbigão do Boca, e que descobriu o evento por coincidência.

— Nós viemos pra um evento de trabalho, e acabamos nos deparando com essa festa maravilhosa, que tem muita família, crianças, idosos e um carnaval bem típico de rua. Nunca imaginávamos uma festa de pré-carnaval nessa proporção em Floripa, então superou muitas nossas expectativas — relatou o enfermeiro, que diz que pretende voltar em outros anos.

Veja fotos da abertura do Carnaval de Florianópolis

No meio da multidão estava também quem não perde um Berbigão há dez anos. No caso da dona Rogeria Ferreira e do seu filho Fabrício Ferreira, é o marido — e pai — um dos principais motivos para serem presença registrada no evento. Como ele toca no tamborim do cortejo, a família está sempre presente no tradicional bloco de Florianópolis.

Mas, para além disso, a festa é um momento de encontro com amigos e família, degustar pratos de comida típica e também de curtir em um ambiente familiar e seguro, ambos contam.

— A gente gosta que é uma oportunidade pra comer frutos do mar, e daí a gente come no Mercado Público. A gente encontra amigos que às vezes a gente não encontra o ano inteiro — afirma o cirurgião-plástico Fabrício.

— Nós estamos gostando bastante, porque não tem muito exagero de pessoas bêbadas, falta de respeito, aquelas coisas muito agressivas, é para todo público, independente da idade — conta a professora aposentada.

Cortejo leva bonecos do Berbigão do Boca para as ruas de Florianópolis

Os tradicionais bonecos são marca registrada do Berbigão do Boca. Homenagem para os que já partiram e marcaram história na cidade, eternizados nas figuradas carregadas pelas ruas do Centro histórico. Nesse ano, são 43 bonecos ao todo, sendo que a homenagem especial vai para Seu Lidinho, passista do Carnaval de Florianópolis que faleceu no ano passado.

— A homenagem do Seu Lidinho é coisa que tem emociona a gente. Mas a festa, ela é carnavalesca, mas é muito das tradições de Florianópolis. Nós temos então as rendeiras, nós temos diversas alas. E tem o Bloco Místico, aquele que traz o misticismo do Ilhéu, que foi estimulado por Franklin Cascaes, Meyer Filho e César Neto, os nossos três grandes bruxos — conta Leonardo Garofalis.

A partir das 19h, o cortejo partiu do Largo da Alfândega, e seguiu pelas ruas Deodoro, Tenente Silveira e Arcipreste Paiva, que se transformaram em um mar de pessoas, cores e alegria. As diferentes alas embalaram a festa, com dançarinos, rainhas, músicos, o carro de som e os famosos bonecos seguidos do público que curtia a festa.

Quem comanda a criação dos bonecos é o artista plástico Alan Cardoso. Ele explica que o processo desde a idealização de um dos bonecos até a finalização da obra dura entre dois e três meses. Segundo Alan, a tradição representa a continuidade das figuras importantes para a cidade.

— Fazer os bonecos é uma honra. A gente fica, olha a foto, imagina, até que sai. Então é vida após a morte, nasceu o personagem, e ele é eternizado através do Berbigão do Boca. Então temos já 43 bonecos e tem artista plástico, tem sambistas, tem rei Momo, tem boneco que são irmãos — relata Alan.

Entre as 43 pessoas eternizadas, Alan destaca alguns que representam uma grande emoção pela proximidade que tiveram com ele em vida, como o artista plástico Meyer filho, que foi seu amigo próximo, e Franklin Cascais, seu professor.

Entre as histórias contadas pelos bonecos está a de Carlinhos da Tuba, e seu filho, Sidnei de Paula, o Jamaica. Há 18 anos, o filho leva o boneco do pai no cortejo e mantém viva a memória do músico que fazia parte da banda do Berbigão.

— Pra mim, eu digo, é um prazer imenso, sempre. Enquanto eu tiver saúde, eu vou estar sempre participando dessa equipe maravilhosa que me convenceram a continuar levando ao meu pai — afirma Sidnei.

O pintor conta que no primeiro ano do boneco, não quis desfilar, e que até então não tinha envolvimento com o Berbigão. Foi a própria equipe que convenceu ele a assumir esse papel, que ele destaca a importância como de manutenção de um legado.

— É maravilhoso, para continuar o legado que cada um deixou, para continuar em frente, né? Isso que é importante, é continuar a brincadeira. E não vamos deixar morrer essa história, dessas pessoas boas, que participaram e contribuíram com Berbigão do Boca — diz.

Fonte Original | NSC Total