A comovente história do idoso que realizou o sonho de voar 20 anos após ficar cego em SC

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A comovente história do idoso que realizou o sonho de voar 20 anos após ficar cego em SC

Vilmar, morador de Blumenau, sobrevoou o litoral de SC no fim de semana (Foto: Talita Catie, NSC)

Vilmar Nunes Ferreira, 63 anos, era jovem quando viu um helicóptero pela primeira vez. A cena, fresca na memória como se tivesse sido ontem, criou nele um sonho. O tempo passou, ele ficou cego há duas décadas por causa de uma doença, mas o desejo de conhecer a cidade do alto sempre permaneceu vivo.

— A gente estava trabalhando e eu acho que era o helicóptero do quartel. Ele foi obrigado a pousar urgente ali. Eu tinha boné na cabeça, os outros chapéu, aquilo voou tudo. Nós tivemos que pular ligeiro do estaleiro. Aí eu pensei: um dia vou voar com isso aí — conta.

O dia aguardado há tantos anos finalmente aconteceu no domingo (4). Vilmar, morador de Blumenau, acordou cedo e partiu para Itapema ao lado de dois amigos, igualmente com deficiência visual, da Associação de Cegos do Vale do Itajaí (Acevali), onde vai semanalmente.

Jean Carlos Lamin, 49, e Jair Lopes Xavier, 53, também nunca tinham entrado em um helicóptero. A conversa sobre futebol durante a viagem tentava esconder a ansiedade do grupo. Quando a hora chegou, veio o silêncio. Parte para acompanhar a audiodescrição, um pouco para sentir o momento.

Quando o frio na barriga passou, veio a brincadeira:

— Parece que ele está descendo a serra. Eu adorei — disse Vilmar, que ao fim do passeio reconheceu o nervosismo por voar pela primeira vez.

Veja fotos do voo em Itapema

Um sonho coletivo

Vilmar teve o desejo realizado pelo Instituto Sonho em Viver. E como a aeronave comportava mais gente, por que não levar os amigos? Jair, um dos escolhidos para fazer o passeio junto, perdeu completamente a visão quando tinha apenas oito anos. Antes de embarcar, fez questão de passar a mão para conhecer como é o helicóptero.

— Meu Deus, foi melhor do que eu esperava, porque eu tenho medo de altura. Quando o piloto falou que estava a 250 metros, nem deu frio na barriga, estava tão seguro, né — confessa Jair.

Jean, o outro amigo, brinca que quase voou, mas no Arcanjo-03 e há três anos, quando caiu de nove metros de altura e acabou perdendo a visão. Ele descreveu o momento do fim de semana em um única palavra:

— Inesquecível.

Fonte Original | NSC Total