Ao longo dos 35 anos do Sistema Único de Saúde (SUS), a assistência à mulher foi marcada por avanços significativos associados à expansão da Estratégia Saúde da Família (eSF) e à ampliação do acesso à Atenção Primária à Saúde (APS). Entre os destaques, estão os progressos na saúde sexual e reprodutiva, com oferta de diferentes métodos contraceptivos, a ampliação da cobertura do pré-natal e as ações voltadas à prevenção do câncer e outras condições crônicas.
As mulheres representam a maioria da população do país: são mais de 104 milhões de brasileiras. Elas representam 75% da força de trabalho no serviço público de saúde, de acordo com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Em Caruaru (PE), a agente comunitária de saúde Marivania Maria dos Santos destaca como os avanços do SUS mudaram o cuidado e ampliaram a qualidade na saúde da mulher. “Sou de um tempo em que precisávamos acompanhar nossa mãe até à cidade, a pé ou de jumento, para ela fazer um exame ginecológico simples. Hoje, as mulheres têm a oportunidade de serem atendidas aqui na UBS da zona rural. A comunidade tem acesso à consulta, profissionais capacitados e equipe multiprofissional”, frisa.
Foto: arquivo pessoal
Como quem recita um cordel, a agente comunitária de saúde de Natal (RN), Cintia Fernanda de Lima, que atua há 26 anos no SUS, se mostra orgulhosa: “No meu território, somos muito ricos em cultura popular! Temos movimentos sociais muito ativos e de resistência. Sempre que podemos, fazemos essa mistura de saúde e cultura. Eu aprendi que saúde vai além do consultório e da unidade de saúde. Trabalhar na atenção primária me realiza como pessoa e profissional, porque nós somos o SUS que funciona, que realiza. O SUS que está aí para o povo”.
Políticas e programas que fazem a diferença
A enfermeira Eleuza Procópio de Souza Martinelli acompanhou a evolução das iniciativas em prol da saúde da mulher antes mesmo da criação da política. Com 30 anos de atuação na atenção primária à saúde, ela já passou pelo estado do Mato Grosso, Goiás, e hoje atua no Distrito Federal.
“Um destaque foi o empoderamento das enfermeiras e dos enfermeiros. Sua maior autonomia faz a diferença no atendimento de pré-natal e na saúde reprodutiva da mulher. Com a inserção de DIU, vimos uma melhoria grande no acesso das mulheres a esse método contraceptivo”.
Foto: arquivo pessoal
Ela continua: “Não consigo me ver atuando fora do SUS. Acompanhei seu nascimento, os primeiros passos na implantação das políticas públicas, na participação social, na estruturação de serviços e na redução das iniquidades. É fantástico! Espero que nos próximos anos tenhamos um SUS cada vez mais forte em todas as regiões do país. Que ele chegue a cada mulher! E tenha cada vez mais, um olhar para além da saúde”.
Em 2011, novas conquistas se destacaram com a estruturação das linhas de cuidado materno-infantil. Entre elas: o fortalecimento do pré-natal humanizado, a promoção do parto seguro, o incentivo ao aleitamento materno, a ampliação das casas da gestante e dos centros de parto normal, além da garantia da presença de acompanhantes e a implantação de boas práticas obstétricas.
A estudante e moradora de Taguatinga (DF), Ana Luiza Arantes Lima, fez acompanhamento em uma UBS durante toda a gestação e pós-parto. Ela conta que teve muita dificuldade durante a amamentação e foi na unidade básica que conseguiu o auxílio necessário. “Cheguei na UBS desesperada e fui prontamente atendida. A enfermeira me orientou e deu muito suporte emocional. Segui amamentando e fui doadora de leite materno. É ótimo saber que temos essa assistência prestada de uma forma tão cuidadosa e especial, e, o principal, gratuita”.
O Brasil conta com a maior e mais complexa rede de banco de leite do mundo, que é uma iniciativa do Ministério da Saúde por meio do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). No total, são 226 bancos distribuídos em todos os estados do país e no Distrito Federal.

Foto: Rodrigo Nunes/MS
Com foco na redução da mortalidade materna por causas evitáveis no Brasil, principalmente das mulheres pretas e indígenas, em 2023, foi lançada a Rede Alyne. Esta é a principal estratégia para reorganizar a rede de serviços materno-infantis do país, com atenção às populações em maior situação de vulnerabilidade.
Outra iniciativa para promoção à saúde é o Programa Dignidade Menstrual, que garante a oferta gratuita de absorventes menstruais e prevê ações de enfrentamento à desinformação e de conscientização sobre a menstruação enquanto fenômeno natural que deve ser acolhido e cuidado.
Cuidado integral para todas
O SUS, enquanto política pública universal, se consolidou como uma conquista fundamental para a saúde das mulheres, como instrumento de redução das desigualdades de gênero e uma agenda governamental prioritária que promove cuidado integral e equitativo para as mulheres brasileiras.
Moradora de Salvador (BA), Nathalia de Souza Nunes é uma mulher trans que construiu uma relação de confiança com a equipe de saúde da UBS quando iniciou seu processo de hormonização, em 2019. “Na minha unidade, sempre estiveram junto comigo na minha luta. Fui muito acolhida, tive momentos de alegria e sempre pude conversar sobre qualquer assunto com as enfermeiras. A equipe me apoiou para mudar o nome no cartão SUS e indicaram quais unidades de saúde eu deveria procurar para continuar meu atendimento. Se hoje sei onde buscar ajuda no SUS é graças a essa equipe”, conta Nathalia.
Agnez Pietsch
Ministério da Saúde
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